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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Com apoio a Dilma e propostas, comunistas realizam convenção

 


Por José Reinaldo Carvalho*

É uma decisão amadurecida, correspondente a uma posição política consolidada do PCdoB, anunciada no ato político de 8 de abril último, de integrar a ampla coalizão política que, tendo participado das duas vitórias eleitorais de Lula, em 2002 e 2006 e constituído seus dois governos, propõe-se continuar dirigindo o país no rumo da realização de reformas estruturais de caráter democrático e patriótico.
Durante os dois mandatos do presidente Lula o Brasil viveu importantes transformações, deu um significativo passo em sua evolução nacional no sentido da construção de uma nação soberana, com democracia e justiça social.

Balanço positivo
Ao abrir um novo ciclo político, com a ascensão de forças progressistas e de esquerda ao governo da República, o povo brasileiro começou a viver uma nova experiência política, a exercer o papel de protagonista de mudanças, ainda que lentas e graduais, no quadro de uma correlação de forças difícil nacional e internacionalmente.
Os neoliberais no poder realizaram uma política de terra arrasada. Privatizaram o Estado, desativaram importantes alavancas do desenvolvimento nacional, enfraqueceram o país. Principalmente durante os oito anos em que o ex-presidente FHC governou, o Brasil regrediu e se tornou presa fácil dos potentados internacionais. Findo o período, o Brasil encontrava-se estagnado, em crise social e com o sistema democrático desfigurado. Uma herança maldita.
A Convenção Nacional Eleitoral do PCdoB ratifica o apoio à candidatura de Dilma Roussef tendo presente o balanço de realizações do período presidencial de Lula, os imensos problemas estruturais a resolver e gigantescos desafios a enfrentar.
Os dois mandatos do presidente Lula foram um começo de caminhada. O PIB do país saltou de US$500 bilhões para US$1,5 trilhão. A taxa média anual de crescimento do PIB no primeiro mandato de FHC foi de 2,5% e caiu para 2,1% no segundo. Nos governos de Lula, os resultados foram bem melhores, passando de 3,3% no primeiro mandato para cerca de 4,4% no segundo mandato, informa o economista João Sicsú, do Ipea, em entrevista ao Vermelho em 12 de junho. A estimativa para este ano é um crescimento entre 6% e 7%.
As reservas internacionais pularam de US$35 bilhões para US$240 bilhões. Também medido em dólares americanos, o salário mínimo saiu do patamar de 80 para 280. O índice Gini caiu de 0,58 para 0,52 (quanto mais próximo de zero, maior a igualdade). 30 milhões de pessoas das classes mais pobres ascenderam à condição de classe média, enquanto 10,6 milhões mudaram de favelas.
Sob o governo de Lula o Brasil gerou por ano 1,163 milhão de empregos com carteira assinada, durante o primeiro mandato, e 1,466 milhão no segundo mandato. Entre 2003 e o final de 2010 devem ser criados 10,5 milhões de novos postos de trabalho com carteira assinada.
Foi um período também de valorização do salário mínimo (19% no primeiro mandato e 31% no segundo), de combate à miséria através de políticas de renda mínima e de esforços para universalizar direitos.
Ampliou-se e aprofundou-se a democracia no país e pôs-se em prática uma política externa soberana, protagonista, ativa e altiva, que busca um novo lugar para o Brasil num mundo em transição e carregado de ameaças. Sob tal orientação o Brasil defendeu a paz, contribuiu para a integração da América Latina e foi solidário com países revolucionários e antiimperialistas, como Cuba, Venezuela e Bolívia, entre outros. Nos grandes temas da política internacional, o país defendeu a paz e combateu as políticas unilaterais. Lutou por uma nova ordem internacional.

Duro embate político
É sobre a base desses êxitos que os comunistas brasileiros, lado a lado com as demais forças progressistas do país encaram a tarefa de pavimentar o caminho para a conquista de mais uma vitória na luta eleitoral e alargar ainda mais a perspectiva de realizar mudanças de fundo no país.
São amplas as possibilidades para conquistar essa vitória. Sob a liderança de Lula, o povo brasileiro recuperou a confiança e mostra-se disposto a assegurar e ampliar as conquistas alcançadas. A candidata Dilma Roussef, lutadora das primeiras horas por um Brasil democrático e progressista, experiente ex-ministra do governo de Lula, revela-se uma militante provada pelas grandes causas nacionais. Indicada por Lula e seu Partido e já aprovada pelas principais forças da esquerda e da centro-esquerda, reúne as melhores condições de vencer o pleito de 2010.
Contudo, não será uma batalha fácil. Está em curso no país intensa luta política e dois polos nitidamente perfilados, antagonicamente opostos, vão travar um combate de envergadura histórica. Está em jogo o futuro do país. O povo e a nação vivem uma encruzilhada histórica. Ou mantêm as posições-chave conquistadas no governo para avançar na realização de transformações políticas, econômicas e sociais, ou serão novamente presas das forças reacionárias, conservadoras, neoliberais e pró-imperialistas que constituem o núcleo central das classes dominantes brasileiras.
Além da Presidência da República, está em jogo a formação de uma maioria política para governar o país e dentro dela a constituição de um sólido núcleo de esquerda, do qual o PCdoB é parte indispensável. Por isso, a convenção dos comunistas dedicará grande atenção ao plano partidário de eleger uma numerosa bancada de deputados federais, estaduais e senadores.

Caminho para avançar
Para o Brasil avançar ainda mais, é incontornável o desafio da batalha de ideias, para o que desempenha papel de primeira grandeza a elaboração de uma plataforma eleitoral e um programa de governo que corresponda ao nível das exigências atuais e ao desafio de “avançar, avançar e avançar”, como proclamou a candidata Dilma Roussef.
O Brasil precisa de um novo projeto nacional de desenvolvimento, construir uma nação forte e progressista para um povo forte e próspero. Desenvolvimento que não seja mera repetição nem decalque do figurino nacional-desenvolvimentista do passado, quando o país crescia, mas o povo mantinha-se depauperado. Desenvolvimento com soberania nacional, distribuição de renda, valorização do trabalho, universalização de direitos, educação, cultura e esportes para o povo, emancipação das mulheres, equilíbrio ambiental, desenvolvimento sustentável da Amazônia, construção de forte infraestrutura, ciência e tecnologia, defesa do país, integração solidária e um papel cada vez mais ativo na luta por uma nova ordem política e econômica internacional.
O Brasil precisa de mais democracia, com o crescente protagonismo do povo nas decisões nacionais, reforma política, combate ao monopólio sobre os meios de comunicação e construção de um verdadeiro estado democrático.
O Brasil precisa, enfim, de reformas estruturais- reforma agrária, reforma urbana, na saúde, na educação, no sistema tributário, que resgatem a dignidade do povo, promovam o progresso social e o equilíbrio regional.

*Secretário Nacional de Comunicação do PCdoB

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=131507&id_secao=141

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